terça-feira, 27 de outubro de 2009

O QUE CONTAR E PARA QUEM CONTAR

A LITERATURA ADEQUADA ÀS FASES DO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

Ao escolhermos uma história para contar, em primeiro lugar, devemos considerar a faixa etária dos nossos ouvintes, pois a cada uma delas correspondem níveis de maturidade que demandam a necessidade de determinadas características nos contos, que facilitam o interesse e a compreensão da história.

Fase Pré-Escolar - Período maternal (Dos 2 aos 4 anos )
Período Pré-Primário (Dos 4 aos 6 anos)
Fase Escolar - 1.º Período (Dos 7 aos 8 anos)
2.º Período (Dos 8 aos 9 anos)
3.º Período (Dos 9 aos 10 anos)

O período maternal é a fase pré-mágica. O mundo da criança limita-se ao ambiente circundante em que ela vive. Sua imaginação acha-se ainda latente, e por isso, somente os seres, as coisas e as pessoas com que convive, podem ocupar-lhe a atenção.
No pré-primário, que se inicia aos 4 anos, entra o infante na fase mágica, e a fantasia desponta criadora e atuante. Abrange os 3 períodos: o 1.º aos 4 anos; o 2.º aos 5; e o 3.º aos 6 anos. Neles já entram as narrações clássicas, como as estórias de Dona Baratinha, Os Três Porquinhos, Chapeuzinho Vermelho, etc.
Na fase escolar a criança começa o aprendizado de leitura, que se faz normalmente nas escolas primárias. O enredo, girando em torno de estórias de animais, de aventuras e de encantamento, desperta o interesse pelos conflitos e lances culminantes que se entretém.

Fase preparatória (Dos 10 aos 12 anos)
Fase da adolescência (Dos 13 aos 18 anos)


Histórias para crianças (faixa etária/áreas de interesse/materiais/livros):
Até 3 anos: histórias de bichos, de brinquedos, animais com características humanas (falam, usam roupas, tem hábitos humanos), histórias cujos personagens são crianças.
1 a 2 anos
A criança, nessa faixa etária, prende-se ao movimento, ao tom de voz, e não ao conteúdo do que é contado. Ela presta atenção ao movimento de fantoches e a objetos que conversam com ela. As histórias devem ser rápidas e curtas. O ideal é inventá-las na hora. Os livros de pano, madeira e plástico, também prendem a atenção. Devem ter, somente, uma gravura em cada página, mostrando coisas simples e atrativas visualmente. Nesta fase, há uma grande necessidade de pegar a história, segurar o fantoche, agarrar o livro, etc.
EXEMPLOS DO QUE TRABALHAR NESSA FAIXA:
CANTIGAS DE RODA
PARLENDAS
Parlendas: É uma arrumação de palavras sem acompanhamento de melodia, mas às vezes rimada, obedecendo a um ritmo que a própria metrificação lhe empresta. A finalidade é entreter a criança, ensinando-lhe algo. No interior, aí pela noitinha, naquela hora conhecida como “boca da noite”, as mulheres costumam brincar com seus filhos ensinando-lhes parlendas, brinquedos e trava-línguas. Uma das mais comuns é a elas ensinam aos filhos apontando-lhes os dedinhos da mão – Minguinho, seu vizinho, pai de todos, fura bolo e mata piolho.

Quando os ensina a bater palmas ou balança a rede, o berço ou a cadeira, diz:

Palma, palminha,
Palminha de Guiné
Pra quando papai vié,
Mamãe dá a papinha,
Vovó bate cipó,
Na bundinha do nenê.

Outras variantes são:

Bão, babalão,
Senhor Capitão,
Espada na cinta,
Ginete na mão.
Em terra de mouro
Morreu seu irmão,
Cozido e assado
No seu caldeirão.

Hoje é domingo
Pé de cachimbo
Cachimbo é de barro
Bate no jarro
O jarro é de ouro
Bate no touro
O touro é valente
Bate na gente
A gente é fraco
Cai no buraco
O buraco é fundo
Acabou-se o mundo.

Cadê o toicinho daqui?
O gato comeu.
Cadê o gato?
Foi pro mato.
Cadê o mato?
O fogo queimou.
Cadê o fogo?
A água apagou.
Cadê a água?
O boi bebeu.
Cadê o boi?
Foi amassar trigo.
Cadê o trigo?
A galinha espalhou.
Cadê a galinha?
Foi botar ovo.
Cadê o ovo?
O padre bebeu.
Cadê o padre?
Foi rezar a missa.
Cadê a missa?
Já se acabou!

Chuva e sol,
casamento de espanhol.
Sol e chuva,
casamento de viúva.

Um dois, feijão com arroz,
Três quatro pirão no prato,
Cinco, seis, galo inglês,
Sete, oito, café com biscoito,
Nove, dez, burro que és!

Os portugueses denominam as parlendas cantilenas ou lengalengas. Na literatura oral é um dos entendimentos iniciais para a criança e uma das fórmulas verbais que ficam indeléveis, na memória adulta.
2 a 3 anos
Nessa fase, as histórias ainda devem ser rápidas, com pouco texto de um enredo simples e vivo, poucos personagens, aproximando-se, ao máximo, das vivências da criança. Devem ser contadas com muito ritmo e entonação. Tem grande interesse por histórias de bichinhos, brinquedos e seres da natureza humanizados. Identifica-se, facilmente, com todos eles. Prendem-se a gravuras grandes e com poucos detalhes. Os fantoches continuam sendo o material mais adequado. A música exerce um grande fascínio sobre ela. A criança acredita que tudo ao seu redor tem vida e vivência, por isso, a história transforma-se em algo real, como se estivesse acontecendo mesmo.
Estão começando a dominar a fala, por isso gostam de cantar e de jogos com as palavras.
Trava-linguas: Os Trava-línguas são formas literárias também tradicionais e de origem oral, que buscam unir palavras de sonoridade semelhante, proporcionando um efeito de um jogo centrado na dificuldade da pronúncia.

A aranha arranha a jarra rara!

Um tigre, dois tigres, três tigres.
Um ninho de mafagafos, com cinco mafagafinhos,
quem desmafagafizar os mafagafos, bom desmafagafizador será.
Três tigres tristes para três pratos de trigo.
Três pratos de trigo para três tigres tristes.
O peito do pé de Pedro é preto. Quem disser que o peito do pé de Pedro é preto, tem o peito do pé mais preto do que o peito do pé de Pedro.
O rato roeu a roupa do rei do Roma.
Rainha raivosa rasgou o resto.
O tempo perguntou pro tempo
quanto tempo o tempo tem.
O tempo respondeu pro tempo
que o tempo tem tanto tempo
quanto tempo o tempo tem

Se o papa papasse papa
Se o papa papasse pão,
Se o papa tudo papasse
Seria um papa -papão

SEGUNDA INFÂNCIA:
Entre 3 e 6 anos: histórias com bastante fantasia, com fatos inesperados e repetitivos, cujos personagens são crianças ou animais.
Fantasia & Imaginação (dos 3 aos 6 anos)
• Fase lúdica e predomínio do pensamento mágico;
• Aumenta, rapidamente, seu vocabulário;
• Faz muitas perguntas. Quer saber "como" e "por quê?";
• Egocentrismo - narcisismo;
• Não diferenciação entre a realidade externa e os produtos da fantasia infantil;
• Desenvolvimento do sentido do "eu";
• Tem mais noção de limites (meu/teu/nosso/certo/errado);
• Tempo não tem significação - não há passado nem futuro, a vida é o momento presente;
• Muitas imagens ainda completando ou sugerindo os textos;
• Textos curtos e elucidativos;
• Consolidação da linguagem, onde as palavras devem corresponder às figuras;
• Para Piaget, etapa animista, pois todas as coisas são dotadas de vida e vontade;
• O elemento maravilhoso começa a despertar interesse na criança.
Os livros adequados a essa fase devem propor "vivências radicadas" no cotidiano familiar da criança e apresentar determinadas características estilísticas.
Predomínio absoluto da imagem, (gravuras, ilustrações, desenhos, etc.), sem texto escrito, ou com textos brevíssimos, que podem ser lidos, ou dramatizados pelo adulto, a fim de que a criança perceba a inter-relação existente entre o "mundo real", que a cerca, e o "mundo da palavra", que nomeia o real. É a nomeação das coisas que leva a criança a um convívio inteligente, afetivo e profundo com a realidade circundante.
As imagens devem sugerir uma situação que seja significativa para a criança, ou que lhe seja, de alguma forma, atraente.
A graça, o humor, um certo clima de expectativa, ou mistério são fatores essenciais nos livros para o pré-leitor.
As crianças, nessa fase, gostam de ouvir a história várias vezes. É a fase de "conte outra vez".
Histórias com dobraduras simples, que a criança possa acompanhar, também exercem grande fascínio. Outro recurso é a transformação do contador de histórias com roupas e objetos característicos. A criança acredita, realmente, que o contador de histórias se transformou no personagem ao colocar uma máscara, chapéu, capa, etc..
Podemos enriquecer a base de experiências da criança, variando o material que lhe é oferecido. Materiais como massa de modelar e argila atraem a criança para novas experimentações. Por exemplo, a história do "Bonequinho Doce" sugere a confecção de um bonequinho de massa, e a história da "Galinha Ruiva" pode sugerir amassar e assar um pão.
Assim como as histórias infantis, os contos de fadas têm um determinado momento para serem introduzidos no desenvolvimento da criança, variando de acordo com o grau de complexidade de cada história.
Os contos de fadas, tais como: "O Lobo e os Sete Cabritinhos", "Os Três Porquinhos", "Cachinhos de Ouro", "A Galinha Ruiva" e "O Patinho Feio" apresentam uma estrutura bastante simples e têm poucos personagens, sendo adequados às crianças entre 3 e 4 anos. Enquanto, "Chapeuzinho Vermelho", "O Soldadinho de Chumbo" (conto de Andersen), "Pedro e o Lobo", "João e Maria", "Mindinha" e o "Pequeno Polegar" são adequados a crianças entre 4 e 6 anos.
Fábulas - Narrações que visam explicar a origem de certas particularidades de um ser ou coisa. Assim o porquê da rivalidade ou animosidade entre animais como o cão e o gato, o motivo da existência do rabo nos macacos, a razão pela qual a goela da baleia é estreita etc. Muito conhecido é o conto "A Festa no Céu", que nos informa a causa do aspecto característico do couro do sapo, tão salpicado à maneira de remendos.
Contos de Encantamento - No segmento Contos de Encantamento, encontramos dois tipos de contos muito semelhantes entre si: os contos maravilhosos e os contos de fada. Porém a literatura os classifica em diferentes grupos por conta das seguintes características: segundo TODOROV, “o ‘conto de fadas’ [grifo nosso] é uma das variedades do conto maravilhoso, do qual se distingue por uma certa escritura e não pelo estatuto do sobrenatural” (TODOROV, apud MEREGE, 2004: 15). De acordo com Nelly Novaes Coelho, existem duas diferenças básicas entre os gêneros: a origem e o propósito.
“A forma conto maravilhoso corresponde ao tipo de narrativas orientais, difundidas pelos árabes, e cujo mais completo modelo é a coletânea As Mil e Uma Noites. O núcleo das aventuras é sempre de natureza material/social/sensorial (a busca de riquezas; a satisfação do corpo; a conquista de poder, etc.). Ex: Aladim e a Lâmpada Maravilhosa, O Gato de Botas, etc.
Quanto ao ‘conto de fadas’ [grifo nosso], é de natureza espiritual/ética/existencial. Originou-se entre os celtas, com heróis e heroínas, cujas aventuras estavam ligadas ao sobrenatural, ao Mistério do além-vida e visavam à realização interior do ser humano. Daí a presença da Fada, cujo nome vem do termo latino “fatum”, que significa destino” (COELHO, 1991: 154 e 155).
Ambos os gêneros possuem estruturas narrativas análogas e apresentam cinco pontos invariáveis: aspiração; viagem; obstáculos; o mediador e a conquista do objetivo.
“1- Toda efabulação tem, como objetivo nuclear, uma aspiração ou um desígnio, que levam o herói (ou heroína) à ação.
2- A condição primeira para a realização desse desígnio é sair de casa, o herói empreende uma viagem ou se desloca para um ambiente estranho, não-familiar.
3- Há sempre um desafio à realização pretendida: ou surgem obstáculos aparentemente insuperáveis que se opõem à ação do herói.
4- Surge sempre um mediador entre o herói (ou heroína) e o objetivo que está difícil de ser alcançado; isto é, surge um auxiliar mágico, natural ou sobrenatural, que afasta ou neutraliza os perigos e ajuda o herói a vencer.
5- Finalmente o herói conquista o almejado objetivo” (COELHO, 1991: 100).

Histórias Acumulativas - São narrações em que os episódios sucedem-se consecutivamente encadeados, numa seqüência pela qual os casos anteriores se repetem face à representação de outro. Os casos acumulam-se então gradualmente até o desfecho, que afinal refere-se ao próprio início da narrativa. O exemplo típico dessa espécie vamos encontrar na estória da formiguinha, cujo pé ficou preso na neve. São histórias que agradam particularmente a crianças novas, pois sua técnica baseada na interação, possibilita maior facilidade ao acompanhamento do enredo.

Dos 6 aos 7 anos
7 anos: aventuras no ambiente conhecido (escola, bairro, família, etc.), contos de fada, fábulas.
Interesse por ler e escrever. A atenção da criança esta voltada para o significado das coisas;
• O egocentrismo está diminuindo. Já inclui outras pessoas no seu universo;
• Seu pensamento está se tornando estável e lógico, mas ainda não é capaz de compreender idéias totalmente abstratas;
• Só consegue raciocinar a partir do concreto;
• Começa a agir cooperativamente;
• Textos mais longos, mas as imagens ainda devem predominar sobre o texto;
• O elemento maravilhoso exerce um grande fascínio sobre a criança.
Os contos de fadas citados na fase anterior ainda exercem fascínio nessa fase. "Branca de Neve e os Sete Anões", "Cinderela", "A Bela Adormecida", "João e o Pé de Feijão", "Pinóquio" e "O Gato de Botas" podem ser contadas com poucos detalhes.
Dos 8 aos 9 anos
8 anos: histórias que utilizam a fantasia de forma mais elaborada, histórias vinculadas à realidade.

9 anos: aventuras em ambientes longínquos (selva, oriente, fundo do mar, outros planetas), contos de fada com enredo mais elaborado, histórias humorísticas, aventuras, narrativas de viagens, explorações, invenções.
Histórias de Aventuras - Narrações entremeadas de acidentes e episódios empolgantes por que passam personagens destacadas, centralizadas na figura de heróis, caso seja mais de um. O assunto dessa espécie é bem variável: ora se prende a lances épicos e dramáticos (como no caso de cavaleiros medievais de marinheiros e piratas, de vaqueiros e bandoleiros, de espadachins etc.), ora a casos envolvendo enigmas e surpresas (como nas narrativas de mistério e nos contos policiais), por vezes a fatos simplesmente pitorescos ou de peculiar ineditismo (como nas ficções de fundo cientista ou nas de conteúdo humorístico).

10 a 12 anos: narrativas de viagens, explorações, invenções, mitos e lendas.

Mitos: Sua origem perde-se no principio dos tempos. São narrativas tão antigas quanto o próprio homem; e nos falam de deuses, duen¬des, heróis fabulosos ou de situações onde o sobrenatural domina. Os mitos estão sempre ligados a fenômenos inaugurais: a genealo¬gia dos deuses, a criação do mundo e do homem, a explicação mágica das forças da natureza, etc.
...nos mitos, se denuncia o fecundo elã inicial do homem em direção à ciência (= desejo de explicar o que o rodeia); em direção à religião (= desejo de explicar-se a si próprio, sua origem e seu des¬tino); em direção à poesia (= desejo de cumprir seus sentimentos e atingir as sensações irreprimíveis), Pelo mito, o homem, que não sabia nada, senão que vivia, tornou vivas todos as maravilhas que tinha ao alcance de seus olhos ou de suas mãos. [...] Cada povo da Antiguidade tem seus mitos característicos, intimamente relacionados com sua religião ancestral e com sua alma poética. [...] O homem primitivo fez de cada verdade (por não sabe-la tal, por não saber prova-la como tal) um mito. Ao homem moderno corresponde fazer de cada mito uma verdade, porque o mito a encerra indiscutivelmente. ("Mitologia" in Ensayo de un Dicionario de Ia Literatura - I de Sainz Robles.)

Lendas: A lenda ( = lat. Legenda, legere - ler) é uma forma narrativa antiquíssima, geralmente breve (em verso ou prosa), cujo argumento é tirado da Tradição. Consiste no relato de acontecimentos onde o maravilhoso e o imaginário superam o histórico e o verdadeiro. É transmitida e conservada pela tradição oral. É também ligada a certo espaço geográfico e a determinado tempo. Conforme a lição de Câmara Cascudo, embora seja

De origem letrada, a lenda conserva as quatro características do conto popular: antiguidade, persistência, anonimato e oralidade. Os processos de transmissão, circulação e convergência são os mes¬mos que presidem à dinâmica da literatura oral. Muito confundido com o mito, dele se distancia pela fundação e confronto, O mito pode ser um sistema de lendas, gravitando ao redor de um tema cen¬tral, com área geográfica mais ampla e sem necessária fixação no tempo ou no espaço. (in C. Cascudo, op. Cit.)

Nosso folclore é bastante rico em lendas e uma pesquisa séria a respeito revelará caminhos extremamente fecundos para uma nova literatura infantil brasileira. Muitas lendas já têm sido apro¬veitadas pelos escritores, tais como: a da Mãe d' Água (que pertence ao ciclo europeu da sereia e ainda tem aspectos inexplorados...); a da Mãe-da-Lua; da Cobra Grande; da Mula-sem-Cabeça; do Boto; do Curupira ali Caapora; Cainamé, etc., etc.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

A IMPORTÂNCIA DE CONTAR E OUVIR HISTÓRIAS

O homem conta histórias desde que aprendeu a falar, e transmitiu oralmente, através das gerações, os seus contos tradicionais ou populares, gênero no qual se incluem os contos de fada. Através destas narrativas a criança adquire mais poder de compreensão do significado da própria vida, o que a levará à maturidade psicológica. Por isso, esses contos, pedagogicamente, são considerados fundamentais para qualquer povo.

Usamos a expressão contos de fada, com a palavra fada no singular, por serem histórias que contam o destino do personagem principal, independente do aparecimento de fadas durante a narrativa. Acreditamos que o seu significado relacionado a este tipo de conto, se dá porque alude a fata, uma palavra latina, variante rara de fatum (fado), que se remete a palavra destino.

Os contos de fada dialogam com os conflitos internos mais fortes sofridos pelas crianças e apresentam soluções tanto temporárias quanto permanentes. Eles transmitem à criança que uma luta contra dificuldades graves na vida é inevitável, é parte da existência humana; mas se a pessoa não se intimida ao se defrontar com pressões muitas vezes injustas, poderá superar os obstáculos e sairá vitoriosa.

Os contos de fada prendem a atenção da criança; desenvolvem a sua imaginação; propiciam o desenvolvimento do seu intelecto; ajudam-na a entender as suas emoções; a harmonizar-se com suas ansiedades, medos e aspirações.

Nos cinco primeiros anos de vida buscamos o significado do eu, da família e do mundo. Os contos de fada auxiliam essa busca. Quando os adultos contam histórias para crianças as ajudam a perceber os sentimentos que a tomam interiormente. A criança costuma escolher algumas histórias para ouvir sempre. Devemos procurar entender o porquê dessa escolha e utilizá-la para explicar o mundo e a vida para a criança de forma lúdica, pois ela ainda não tem capacidade para entender explicações morais ou científicas.


Texto de Rossana Lourenço.

COMO A ARTETERAPIA ATUA NOS CASOS DE BAIXA AUTO-ESTIMA?

Muito se fala sobre o assunto, mas será que sabemos o que é auto estima?

Auto-estima é a opinião e o sentimento que cada pessoa tem por si mesma. É ser capaz de respeitar, confiar e gostar de si.

Pessoas com baixa auto-estima geralmente são inseguras, perfeccionistas se sentem inadequadas, incapazes, têm dúvidas constantes, são pessoas que não se permitem errar e tem necessidade de agradar, de aprovação e de reconhecimento.

Uma das indicações para o tratamento da baixa auto-estima é fazer todo dia algo que o deixe feliz. A Arteterapia se encaixa muito bem nessa recomendação.

Além disso, a realização das atividades artísticas mostrará à pessoa que ela é capaz de realizar tarefas, o que estimulará a sua auto-confiança. A satisfação com o trabalho artístico trará a reflexão sobre as qualidades positivas desse indivíduo que normalmente só vê o seu lado negativo.

A arteterapia também atua como estimulante do autoconhecimento, que é o diferencial que faz com que cada um consiga ter controle sobre suas emoções.

O autoconhecimento é fundamental para desenvolver o amor por si mesmo e fortalecer a auto-estima.

É muito difícil alguém se conhecer interiormente quando a busca está sempre no externo. Mudam o corte do cabelo, compram roupas, carros, emagrecem, mas quase sempre esquecem que o caminho deve ser o contrário, de dentro para fora.

Quando uma pessoa está bem com ela mesma você percebe isso não pela roupa que está usando, ou o carro que está dirigindo, mas pelo brilho em seu olhar, o sorriso em seu rosto e a paz em seu espírito.

E aí vai uma Dica para os pais e educadores:
A auto estima começa a se formar na infância. A partir de como as outras pessoas nos tratam. Podemos alimentar ou destruir a autoconfiança e a auto estima de uma criança.
Por isso elogiem suas crianças, falem de seu amor por elas. Esta é uma ótima forma de estimular a auto estima e a auto confiança delas. E assim estaremos formando adultos mais equilibrados e felizes.


Texto de Rossana Lourenço.